40 Dicas de produção Musical, Parte 16 de 40

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Parte 16 de 40

(extraído do curso Vamos Fazer a Boa)

Pois é, sumi por uns tempos, né?

Sabe o que é pior? Somente duas pessoas me escreveram pedindo pra continuar a série de textos… Será que textos perderam o seu charme, ou os meus textos que não são interessantes, mesmo? 😀 De qualquer forma, sou insistente, então estou de volta.

No texto anterior eu falei um pouco sobre isolamento acústico, a questão do Massa-Mola-Massa e etc. Hoje vamos desenvolver um pouco mais o assunto.

Vibração Mecânica

Esse é mais um dos vilões do isolamento acústico. Sabe quando você mora num prédio e ouve as pessoas andando no apartamento de cima do seu? Isso se deve a vibração mecânica.

Pense agora numa bateria acústica, o som dela vaza do apartamento de cima para o seu, né? Agora pense numa bateria eletrônica, aquelas com pads de borracha. Elas não tem som acústico, então seu vizinho pode toca-la tranquilamente com fones de ouvido, não é mesmo?

Infelizmente não, porque o pedal do bumbo está em contato com o chão e cada bumbada que ele der será ouvida claramente no apartamento de baixo.

A solução pra isso é o desacoplamento mecânico, traduzindo, colocar algum material que funcione como amortecedor entre o pedal do bumbo e chão.

Se o seu vizinho de cima pegar uma placa de borracha E.V.A. Colocar uma chapa de madeira em cima dela e então montar a bateria eletrônica dele, o pedal do bumbo estará parcialmente desacoplado do chão, o que fará com que a vibração seja atenuada. Dependendo da eficácia da atenuação, talvez você nem perceba que seu vizinho está tocando.

Tudo aquilo que falei no texto anterior, sobre as paredes duplas, lã de rocha entre elas, portas vedadas e etc. Pode não ser muito efetivo se você deixar o chão sem tratamento.

Em estúdios grandes é muito comum se encontrar um piso flutuante, montado em cima de algum tipo de amortecedor, que pode ser um esquema de molas de metal, pode ser isopor de alta densidade, borracha ou até uma combinação desses materiais todos.

Alguns desses estúdios tem pisos de concreto montados em cima de sistema de amortecedor. Sabe quando passa um caminhão na rua e o chão treme? Pois é, os seus microfones captam isso também, e um chão flutuante ajuda muito para vazamentos de dentro pra fora e de fora pra dentro.

No caso de home studios geralmente um tratamento simples (placa de E.V.A. com duas chapas de compensado em cima, por exemplo) é bem efetivo e não custa tão caro.

Tratamento Acústico

Esse assunto é bem amplo, então vou só dar uma ideia geral, mas que tenho certeza que poderá te ajudar na sua sala.

Entre em uma sala vazia e poderá ouvir muita reverberação, isso é o som refletindo nas paredes. Se você tratar essa sala para evitar vazamentos, vedando portas e janelas, aí então a reverberação se torna escandalosamente alta.

A tendência de algumas pessoas é comprar um monte de espuma acústica, os conhecidos Sonex, e revestir todas as paredes e teto com eles, o que além de ser caro não é efetivo.

Espumas no geral são boas para tratamentos dos agudos, mas mexem pouco com os médios e nada com os graves. Isso com certeza vai acabar com a reverberação de agudos, mas também acaba com a naturalidade da sua sala e a desequilibra ainda mais.

Algumas soluções:

Materiais porosos são eficientes para diminuir reverberação, espumas, lã de vidro, lã de rocha, mas para que eles sejam efetivos é necessário que eles tenham a densidade e a profundidade correta, por isso não se deve usar espuma comum, de colchão, o correto é usar espuma própria para para tratamento acústico.

A regra é simples, quanto maior a profundidade do material maior a gama de frequências que ele pode absorver.

Uma placa de lã de vidro de 40 Kg de densidade e de 5 cm de profundidade pode te dar uma boa absorção de agudos, médios chegando até aos médios graves, uma placa de 20 Kg de densidade e de 1cm de profundidade só vai absorver agudos.

Então a ideia é se informar e comprar o material certo, com a densidade e profundidade certa para o seu caso.

Aqui em casa optei por lã de vidro semi rígida de 40 Kgs de densidade e 10 cm de profundidade (duas placas de 5cm juntas). Com isso consigo absorver frequências altas, médias e quase chegar 100hz. Fiz uns painéis com uma moldura de madeira, coloquei a lã dentro dessa moldura e cobri com tecido.

Agora, não é necessário colocar absorvedores em toda a extensão da sala, esse é um erro muito comum, que pode deixar a sala sem vida e com um som desagradável.

Um conceito muito legal é o da Reflection Free Zone, que consiste em criar uma área livre de reflexão ao redor da sua estação de trabalho (seu computador, mesa, monitores), ou onde você vai posicionar os microfones para captar o som.

Assim, com poucas placas você trata a sala, ela fica mais equilibrada e pronta pra te dar melhores resultados.

Quando se fala em absorver graves, existem sistemas próprios para isso que se chamam Bass Traps, tanto em espuma quanto outros feitos de madeira, lã e tecido. Eles costumam ser mais caros, mas dependendo da sala fazem muita diferença, principalmente em salas pequenas.

Normalmente eles são instalados nos cantos entre as paredes, que é onde as reflexões de grave são mais fortes.

Não falei nem um décimo do que precisa ser falado em termos de acústica, o assunto é muito amplo mesmo, mas espero que tenha te ajudado a pelo menos pensar no que fazer com a sua sala.

Semana que vem tem mais dicas, Inscreva-se na Newsletter pra receber as novidades no seu e-mail.

um grande abraço

Paulo Anhaia

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8 comments

  • Isaac

    Show de bola suas dicas grande Paulo. Sou músico e estou começando na área de produçao musical e suas dicas são sempre bem proveitosas.

  • Eliezer Simie a

    Excelente assunto, acompanho todos os seus vídeos do “Pergunte ao Anhaia” não tive pergunta respondida mas a esperança é a ultima que morre…kkk… Estou finalizando minha sala de gravação, estou fazendo o máximo para atender deixar ela o mais flat possível, agora estou nos pisos vou fazer eles flutuantes, minha ideia é colocar uns sarrafos de madeira como base e cobrir com tábuas de cumaru, não iria nenhum tipo de borracha, será que vou ter um bom resultado ou o ideal seria colocar um material resiliente entre? Abraços

    • Paulo Anhaia

      Coloque borracha embaixo sim, ao menos umas tiras de E>V.A. ou pezinho de borracha mesmo, vai ajudar um bocado. se possível preencha o espaço entre o chão original e o chão falso com lã de vidro ou de rocha. Abração!

  • Osiel de Souza e Silva

    Obrigado Paulo!

    Suas dicas são muito valiosas. Não perco nada, leio tudo que escreve e assisto todos os videos. Não pare.
    Valeu.
    Abraços!

  • Breno

    Paulo, muito obrigado por nos passar seu conhecimento sem medo nenhum! Isso motiva muito quem está começando a não desistir pelas dificuldades encontradas.
    Posso dizer com as dicas que você da e a simplicidade (não formalidade da escrita, com a zoeira , kkkk) fica muito mais interessante e prazeroso de ler matérias tão valiosas…

    E falando no caso de não sentir falta dos textos, já estou ansioso com os próximos…

    Muito Obrigado mais uma vez !
    Abraço

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