40 Dicas de Produção Musical, Parte 13 de 40

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Parte 13 de 40

(extraído do curso Vamos Fazer a Boa)

Acústica

hoje o texto é meio longo, mas se eu fosse você leria inteirinho 🙂

Ok, então você já escolheu a sua melhor música, trabalhou o arranjo, a letra, ensaiou com os músicos, está tudo certo para registrar em áudio a sua produção.

Um dos aspectos mais importantes quando se fala em áudio é a acústica, e me surpreendo em ver que pouca gente se interessa por isso.

Entrando em fóruns sobre produção musical ouço falar muito em preamps, conversores, compressores, mesas analógicas, mas quase nada sobre acústica.

Isso pra mim é bem curioso, já que qualquer coisa que esses equipamentos possam fazer será completamente dependente da acústica.

Comprimir uma voz gravada numa sala seca é uma coisa. Comprimir uma voz gravada numa sala viva é outra. Não adianta usar os mesmos parâmetros para as duas coisas. Isso se aplica a todo o restante dos equipamentos que citei.

Muita gente acha que acústica é um assunto muito complicado, coisa pra fazer um curso de dez anos na Nasa e depois especialização em Harvard, hehehe, e de certo modo essas pessoas não estão erradas. O que também não quer dizer que elas estão certas.

Por exemplo, tocar violão é uma coisa relativamente simples, eu conheço milhares de pessoas que tocam violão, muitas delas tocam muito bem. Agora, tocar violão como Paco de Lucia é quse impossível. Acho que ele fez um curso de vinte anos na Nasa pra isso, hehehe

Então por que com acústica não pode ser assim? Comparando com o violão, você ter conhecimento suficiente para corrigir os problemas principais da sua sala seria o mesmo que saber tocar algumas músicas no violão.

Se você quer um projeto de acústica realmente sério, aí sim você contrata um engenheiro de acústica profissional, o “Paco de Lucia da acústica” pra fazer o trabalho 🙂

Há um tempo resolvi estudar acústica. Li uns cinco livros sobre o assunto, assisti vídeo aulas, li apostilas e assisti entrevistas de gente que trabalha com isso. Cheguei a conclusão que existe uma forma mais prática de passar esses conhecimentos, e que é possível melhorar a acústica da sua sala (e com isso também melhorar os seus resultados) sem ser necessário gastar uma fortuna, e que acústica, apesar de ser complexa, não é cirurgia cerebral.

Acústica é a forma como um som se comporta num determinado ambiente.

Quando gravamos uma voz, por exemplo, estamos captando o som dessa voz mais a ressonância dessa voz dentro da sala em que estamos gravando. O mesmo se aplica a qualquer instrumento acústico, ou a um amplificador de guitarra, por exemplo.

A acústica da sala de gravação é um fator determinante para o resultado da gravação, não temos como fugir disso.

O que acontece é que, quando uma pessoa canta dentro de uma sala, a voz dela reflete nas paredes, chão, teto, basicamente em qualquer superfície que esteja presente (uma mesa, uma janela de vidro) e isso também é captado pelo microfone.

Como o cantor está próximo do microfone e as paredes estão distantes, esses sons refletidos pelo ambiente chegam ao microfone com um atraso em relação ao som da voz original, o que pode gerar todo tipo de problema, atenuando ou acentuando determinadas frequências, o que pode fazer a voz soar anasalada, sem corpo, com excesso de médio graves e etc.

Pra diminuir esses problemas um tratamento acústico simples pode ser bem efetivo.

Aí você pode pensar:

“Ah, mas eu trabalho com VSTIs, com simuladores de amplificadores e com música instrumental. Tudo é ligado diretamente na placa de som, logo não terei problemas com acústica…”

Infelizmente não é o que acontece…

Lembra do que eu disse antes, “acústica é como um som se comporta dentro de um ambiente”? Então, os seus monitores estão dentro de uma sala, e o que você ouve é uma combinação do som dos seus monitores com o som da sua sala.

Você terá na sala de mixagem os mesmo problemas que tem na sala de gravação, porque ela também tem reflexões que podem atenuar ou acentuar determinadas frequências.

O que isso quer dizer na prática? Simples, já mixou uma música e quando foi ouvir em outros lugares ela soou completamente diferente? Sabe porque isso acontece? Porque a sua sala de mix tem problemas acústicos.

Por exemplo, uma sala que tem um excesso de ressonância de graves vai te fazer querer tirar o grave dos instrumentos e aí quando você ouvir em outro ambiente, a sua mix soará sem corpo.

Ou seja,

Você está tentando consertar problemas da sua sala com a sua mix, quando na real você deveria consertar problemas da sua mix com a ajuda da sua sala.

Tem uma frase que eu criei faz um tempo e que acho que resume muito bem o que acontece numa sala de mix:

Quem ouve torto entorta para parecer certo, aí o que estava certo fica torto.

Nas próximas dicas falaremos mais sobre acústica, pode ficar tranquilo, não vou esconder o ouro não, falarei sobre coisas que podem te ajudar a melhorar a acústica da sua sala 🙂

Semana que vem tem mais dicas, Inscreva-se na Newsletter pra receber as novidades no seu e-mail.

um grande abraço

Paulo Anhaia

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6 comments

  • Roberto Schumann

    Grande Paulo! Sempre dicas valiosas! Obrigado!

  • … e como é grande a diferença no resultado, entre mixar numa sala adequada para isso e numa sem tratamento algum….

  • Nada se compara em gravar com ambiencia da sala original. Até mesmo pra acrescentar Reverb depois, gravar com um certo reverb ja deixa tudo mais natural. Numa sala grande tudo soa grande, robusto. E isso não quer dizer que gravar direto na placa é ruim, mas voce mata uma camada sutil de frequências lindas que so ressoam com os ângulos na volta das ondas quando refletidas na sala. O Over da bateria é a prova mais clara da necessidade da beleza que é criar entre os feixes sonoros uma sensação de espaço amplo pra que exista o espaço dentro da captação. Passamos um século querendo chegar no ruído zero e no entanto percebemos que aquela textura que tanto falamos dos vinis são na verdade a soma da genialidade + o espaço vivo dos locais onde aqueles discos eram gravados.

    • Paulo Anhaia

      Concordo contigo em partes. As salas grandes, com bom tratamento acústico realmente soam muito bem, mas uma sala pequena e viva pode acabar completamente com o som de uma gravação. Em ambos os casos o tratamento é necessário. Um abração!

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