40 Dicas de Produção Musical, Parte 12 de 40
Parte 12 de 40
(extraído do curso Vamos Fazer a Boa)
Produção e Psicologia
Eu conheço muita gente que tira um sonzaço em estúdio. Eu conheço muitos músicos excelentes. Eu conheço produtores extremamente eficientes quando se fala em prazos, custos e etc.
No entanto nem todos eles são profissionais bem sucedidos, porque não sabem lidar com pessoas. Esse é o grande lance dessa (e talvez de qualquer outra) profissão, saber lidar com pessoas.
Artistas geralmente tem um ego inflado, o que em muitos casos é positivo, afinal pra subir num palco e liderar milhares de pessoas é necessário ser muito confiante. O problema acontece quando essas pessoas tem uma opinião diferente da sua com relação a produção do trabalho, ou pior ainda, quando os artistas de uma banda tem opiniões divergentes.
Como fazer o “meio de campo” com esses artistas?
Eu acho que o primeiro passo é conquistar a confiança dessas pessoas. Como se faz isso? Sendo honesto e carinhoso ao mesmo tempo.
Se uma música, ou uma ideia não me agrada, eu não minto para o artista, deixo claro a minha opinião, mas com muito cuidado, nada de chegar dizendo que a música ou que a ideia que ele teve é “um lixo”.
Eu costumo primeiro falar sobre a parte positiva da coisa toda pra só depois apontar o que acho que pode ser melhorado. Por exemplo, o cara canta bem, mas algumas notas estão meio desafinadas. Eu falo pra ele:
“Cara, gostei da sua voz, da interpretação, do groove… Está tudo muito bom! Só temos que melhorar a afinação de uma nota ou outra.”
É muito mais fácil ele me ouvir e querer melhorar as coisas do que se eu falar pra ele:
“Véio… Você é bem desafinado, heim? Vai dar um trampo, mas a gente refaz até você afinar direito…”
Tudo errado! Ninguém se sente bem sendo chamado de incompetente, ainda mais quando é um problema localizado que pode ser resolvido facilmente com um pouco de direção.
Normalmente as pessoas se sentem intimidadas dentro do estúdio, porque é uma situação fora do comum, onde elas serão analisadas em cada nota que tocarem. É importante fazer essas pessoas se sentirem confortáveis, na medida do possível.
Isso não se aplica somente a artistas.
Engenheiros de som, músicos contratados, investidores, amigos e parentes dos artistas… Todos eles podem ser um “pé no saco” de vez em quando, mas se desagradados podem colocar tudo a perder.
Imagine um investidor, o cara que está colocando a grana pra fazer o projeto, aí você diz que o cara está errado e que a ideia dela é péssima… Pronto, ele procura outra pessoa pra fazer o trabalho. Seria mais inteligente conversar com ele e mostrar outras possibilidades para essa ideia, ou explicar porque a ideia não é boa.
Desagradar a namorada do vocalista? A mulher que ele ama e que divide a vida com ele? Não é muito inteligente também. Ter a namorada dele como sua aliada pode ser muito bom, até pra ela incentiva-lo a fazer boas escolhas.
Claro que pra tudo existe limite, e tem momentos em que você se vê obrigado a ser mais enérgico e colocar a galera pra fora da sala pelo bem do trabalho.
Quem é profissional respeita quem é profissional e vai entender quando você for direto ao assunto em determinadas situações.
O que é preciso ter em mente sempre é que:
Não trabalhamos com botões, Equipamentos, e computadores, trabalhamos com pessoas e usamos botões, equipamentos, e computadores como ferramentas para conseguir o resultado que as pessoas estão procurando.
Sabendo lidar melhor com as pessoas você terá uma quantidade maior de trabalhos, mais trabalhos bem sucedidos, fará as pessoas que estão a sua volta mais felizes e também será mais feliz 🙂
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um grande abraço
Fascinante Paulo, é nisso que vejo um grande diferencial em você, não fica bitolado na parte técnica da coisa, mais abre seu leque em todas as direções. E a parte Humana da coisa (que muitos ignoram) é que realmente faz a coisa funcionar… vejo que o grande problema da nossa sociedade é inverter os papeis de servir a COISAS e usarem PESSOAS, que foi muito bem exposta neste post.
Obrigado pelos macetes e sacadas…
Valeu, Márcio! Pois é, a parte humana é realmente a mais importante e a mais complexa da coisa toda e, infelizmente, a galera não foca nisso. Um abração!
Muito foda o artigo!
Principalmente a parte da namorada kkkkk
As vezes é pior desagradar a namorada do cara do que ele mesmo!
Com certeza é uma lição pra vida toda esse artigo!
Obrigado mais uma vez Paulo!
Abraço!
Pois é, ser turrão não funciona, o negócio é saber se adaptar a cada situação. Um grande abraço!